terça-feira, 18 de novembro de 2008

"Um grupo de presumíveis adeptos do Benfica agrediu esta segunda-feira um efectivo da polícia e um repórter de imagem da RTP à porta do Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de Lisboa. Os incidentes ocorreram à chegada das carrinhas celulares que transportavam 13 dos 30 elementos da claque “No Name Boys” detidos no âmbito da Operação Fair-Play. No momento em que as carrinhas celulares chegavam às instalações do TIC, uma dezena de alegados adeptos do clube da Luz tentou impedir as equipas de reportagem de captarem imagens. Os distúrbios obrigaram à intervenção dos elementos da Polícia de Segurança Pública (PSP) destacados para o local. Um dos efectivos daquela força de segurança sofreu ferimentos ligeiros na cabeça quando os presumíveis adeptos tentavam apoderar-se do material de um repórter de imagem. Apesar da intervenção da polícia, nenhum dos agressores foi detido. A meio da tarde, o grupo permanecia reunido nas imediações do Tribunal. A PSP reforçou o dispositivo de segurança montado para o interrogatório judicial dos suspeitos. Quatro dos 30 elementos detidos no domingo estiveram a ser ouvidos durante a manhã por um procurador do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP), na avenida Casal Ribeiro, em Lisboa - três homens deixaram as instalações do DIAP sem escolta policial e um quarto elemento saiu a bordo de uma carrinha celular. O juiz de instrução criminal decidiu, entretanto, suspender os interrogatórios até à manhã de terça-feira. Cinco dos 13 suspeitos deixaram as instalações do TIC rumo aos calabouços do Governo Civil de Lisboa. Outros dois saíram do Tribunal com termo de identidade e residência e os demais vão passar a noite nas instalações da Polícia Judiciária. Operação Fair-Play A PSP entregou-se no domingo a uma operação em larga escala que teve por alvo elementos da claque benfiquista “No Name Boys”. Coordenadas pelo DIAP de Lisboa, as diligências mobilizaram cerca de 250 efectivos da PSP – 185 da investigação criminal, 58 das Equipas de Intervenção Rápida e três equipas com cães. Da Operação Fair-Play resultaram 30 detenções (28 homens e duas mulheres) e a apreensão de três armas de fogo e outro armamento ilegal. A polícia apreendeu ainda 11,5 quilos de haxixe, suficientes para 57 mil doses individuais, 115 gramas de cocaína, material pirotécnico, 15.343 euros em dinheiro e seis viaturas. Dezanove dos suspeitos foram libertados com termo de identidade e residência, a medida de coacção mais leve. Segundo um comunicado da PSP, a investigação “contou com a colaboração do Ponto Nacional de Informações de Futebol, responsável pela gestão de informações em matéria de violência associada ao desporto, em especial de futebol, de âmbito nacional e internacional”. As autoridades alegam que a droga seria usada para financiar a actividade dos "No Name Boys", incluindo deslocações e bilhetes para jogos de futebol. A PSP revelou que os detidos são suspeitos dos crimes de associação criminosa, posse e tráfico de armas de fogo, tráfico de estupefacientes, ofensas à integridade física qualificada, roubo, incêndio, explosões e outras condutas especialmente perigosas. O grupo inclui membros dos núcleos de adeptos de Castelo Branco e do Porto, mas a maioria pertence à região da Grande Lisboa. Benfica sublinha que não apoia claques Na reacção às detenções de domingo, a direcção do Sport Lisboa e Benfica (SLB) sublinhou que o clube “não apoia nenhuma claque” e negou que o presidente Luís Filipe Vieira tenha sido notificado para prestar declarações no âmbito da investigação. “O Benfica não apoia nenhuma claque. Não porque elas não mereçam o nosso respeito, não porque elas não mereçam a nossa consideração por todo o apoio que transmitem à equipa, apenas porque não preenchem requisitos que estão estabelecidos na lei”, frisava ontem o director de comunicação do SLB, João Gabriel. “Em relação a uma notícia que foi posta a circular na comunicação social, de que o presidente do Sport Lisboa e Benfica teria sido notificado no âmbito desta situação a prestar declarações, é estranho que essa notícia tenha surgido, porque o presidente não foi notificado”, salientou. João Gabriel considerou ainda “errada” a “premissa” do mandado de busca que foi concretizado no Estádio da Luz. “O mandado referia expressamente a sede de uma determinada claque que não existe. O que existe é um espaço que se encontra em obras e que, quando estiver finalizado, será para todos os sócios do clube”, garantiu."

Sem comentários: